sábado, 6 de abril de 2013

10 razões para Celíacos fazerem a dieta do paleolítico

Escrito por 


Tradução: Google / Adaptação: Raquel Benati


Eu sou celíaca e sigo a dieta paleolítica desde o último verão. Depois da experiência desses meses, em que minha saúde e qualidade de vida tiveram uma clara melhoria, não hesito em recomendar esta dieta para todos, mas especialmente para as pessoas com a doença celíaca.

As razões pelas quais eu recomendo de olhos fechados esta dieta aos celíacos são muitas e tornariam este post muito longo, por isso me dei a tarefa de fazer um exercício de síntese e dar a esse post um formato mais informal, favorecendo a acessibilidade ao mesmos. Aqui está o meu decálogo:

10 RAZÕES PELAS QUAIS UM CELÍACO 

DEVE FAZER UMA DIETA PALEO


1. Porque a doença celíaca não é apenas um problema gastrointestinal, mas é especialmente uma desordem autoimune que afeta nossa saúde de forma global. Atualmente, há uma clara relação entre a doença celíaca e algumas doenças autoimunes, tais como hipotireoidismo de Hashimoto, dermatite herpetiforme ou deficiência de IgA. E a lista continua a se expandir.

Se seguimos uma dieta Paleo ou evolutiva, evitaremos além do glúten, outros antinutrientes chamados lectinas (diferentes de lecitinas, ok?), que geralmente são tóxicos, mas podem ser mais problemáticos para os celíacos. Lectinas são proteínas que se ligam a açúcares de uma forma muito específica. Elas estão presentes em cereais e leguminosas e, em menor grau, em solanáceas (batata, tomate, beringela, pimentão...). As plantas usam lectinas como uma barreira de proteção contra predadores.

Uma vez que as lectinas foram ligadas a um hidrato de carbono são chamadas glicoproteínas. Muitas células do nosso corpo com funções muito específicas também são glicoproteínas, tais como anticorpos e hormonios diferentes. Essas glicoproteínas de nossos corpos têm papéis importantes no reconhecimento celular. Devido à semelhança com lectinas, nossas glicoproteínas podem alterar o funcionamento de células que conduzem à inflamação do tecido e várias reações autoimunes.

A toxicidade das lectinas não se discute, mas muitas vezes não é dada a importância que deveria. Teoricamente, com imersão adequada e cozimento de alimentos que a contêm, a desnaturação ocorre. No entanto, as lectinas são muito resistentes e ainda estão presentes após a cozedura, em menor extensão.

Outro problema é que grande parte das lectinas dos cereais está concentrada no germe e na casca, de modo que, aparentemente, ao comer de forma saudável (alimentos integrais) você estará ingerindo mais lectinas.

Celíacos são especialmente vulneráveis ​​a ação de lectinas. Como nosso intestino está fragilizado e é mais permeável, lectinas podem mais facilmente passar a barreira intestinal.

Uma das lectinas mais problemáticas é a aglutinina do germe de trigo (WGA na sigla em Inglês) e sua toxicidade parece explicar alguns dos problemas que pessoas que não têm a doença celíaca apresentam quando comem trigo. Os celíacos não comem glúten, em teoria, e, portanto, não têm consomem WGA. Porém cada vez mais há produtos específicos feitos para celíacos, com amido de trigo de onde foi extraído o glúten (*obs - no Brasil não se usa esse amido de trigo). Para além de que é impossível remover todo o glúten do trigo, continuaremos a ter problemas com esse produto, devido à presença da WGA.

Em suma, estou convencida, e minha experiência pessoal me confirma isso: ao eliminar todos os grãos e leguminosas da dieta e reduzir o consumo de alguns vegetais como batatas, irá produzir uma melhora geral na saúde em pacientes celíacos.

2. Porque numa dieta paleolítica os níveis hormonais são equilibrados, o que resulta numa melhoria da saúde geral.

Os alimentos ricos em carboidratos simples (como grãos, com ou sem glúten) causam picos de glicose e o corpo combate com picos de insulina. Isso acaba gerando um ciclo de ação e reação que, eventualmente, faz com que o corpo se torne resistente à insulina, de modo que cada vez irá precisar de uma quantidade maior de insulina para produzir o mesmo efeito. Isto eventualmente esgota o pâncreas que está sendo forçado a fazer trabalho excessivo. Mas mesmo antes do pâncreas ser afetado, o seu corpo vai sentir a devastação dos altos e baixos causados ​​pela ingestão contínua de glicose e picos de insulina subseqüente. Altos níveis de insulina acabam por interferir com outros hormônios. Como o equilíbrio hormonal é alterado, outros sistemas do corpo estão fora de equilíbrio, como o mecanismo que nos faz sentir saciado pelos hormônios grelina e leptina. É o prelúdio, entre outros problemas, da obesidade.

3. Porque os grãos são ricos em fitatos (ácido fítico), um composto de ação quelante. Isto significa que tem um grande efeito "sequestrante" de minerais como o ferro, o magnésio, o cálcio... Isto significa que, por exemplo, alguns cereais ou leguminosas são ricos em ferro e devido à presença de fitatos, nosso organismo não é capaz de absorve-los. Além do que, a planta tem uma baixa biodisponibilidade do ferro, ao contrário do que acontece com o ferro heme (animal). Fitatos também dificultam a absorção de ferro em outros alimentos que comemos junto com eles, mesmo os alimentos de origem animal.

Se ainda não ficou claro, vou dar um exemplo que conheço bem: EU. Sempre tive anemia. Eu fui diagnosticada com doença celíaca quando os médicos estavam buscavam em meu intestino uma úlcera, que tinha que sangrar para justificar os meus níveis de ferro alarmantemente baixos e anemia conseqüente. Após o diagnóstico de doença celíaca fiquei melhor, mas os meus níveis de ferro continuaram sempre baixos, de modo que, ocasionalmente, tinha que tomar suplementos. Bem, isso mudou desde que eu assumi uma dieta paleolítica. O exame de sangue na última vez que fiz, depois de 7 meses de dieta paleolítica, sem tomar suplementos, mostraram níveis de ferro bem altos, pela primeira vez na minha vida. Eu não podia acreditar. 

4. Porque com esta dieta você voltará a sentir o que é ter fome e sede de verdade. Ao não estar mais submetido à tirania do ciclo glicose-insulina, você não terá mais aquela necessidade de comer no meio da manhã ou da tarde, não terá aquela urgência de comer alguma coisa, seja o que for, doce de preferência. Você deixará de ter essa ânsia e passará a comer quando estiver com fome de verdade. A sensação de satisfação ao saciar sua fome não tem nada a ver com a satisfação de tais desejos causados ​​por crises que nos obrigam a comer, mesmo com o estômago cheio e ainda trabalhando.

Com a sede se passa algo parecido. Muitas pesssoas dizem que não bebem água porque não tem sede. Deixariam de dizer isso se durante um dia deixassem de beber a qualquer hora refrigerantes, sucos, leite, cerveja... Satifazer a sede com água é uma das coisas mais satisfatórias que existe, porém nós perdemos essa sensação.

5. Porque uma dieta paleo é naturalmente livre de glúten. Com esta dieta podemos esquecer os traços e contaminação cruzada por glúten. 

Limitar os alimentos processados ​​a um mínimo, aumenta a segurança do que nós comemos. No meu caso eu parei de confiar em listas de alimentos e confiar cegamente no que os rótulos dizem. Agora, por exemplo, eu não como mais kani sem glúten ou palitos de surimi: como diretamente o peixe e cozinho-o de mil maneiras possíveis.

6. Porque como celíacos melhoramos com a dieta livre de glúten, mas nem tanto. Sei que isto pode ser difícil de acreditar, mas basta experimentar para notar a diferença.

Adultos celíacos diagnosticados chegam à dieta isenta de glúten após graves problemas de saúde. Com a dieta vemos uma melhora, e na maioria dos casos, quando percebemos isso, pensamos que é o melhor que podemos obter. Mas isso é falso. Se formos mais adiante, veremos melhoras de outros problemas, alguns dos quais que ainda nem tínhamos identificado como problemas. Cada caso é diferente, mas a minha melhora resultou em uma clara redução da frequência e intensidade das minhas enxaquecas (eu não tomei mais analgésico desde que eu faço essa dieta), aumento da energia física e capacidade concentração mental, resfriados não são mais uma ocorrência diária, durmo melhor, minha digestão melhorou ... a lista poderia continuar em expansão, mas eu acho que é o suficiente.

7. Porque comer produtos sem glúten projetados especificamente para celíacos é abusar de produtos industrializados ricos em carboidratos refinados, com um alto índice glicêmico. Isto nos fará mais suscetíveis a todas as doenças que compõem a síndrome metabólica: diabetes tipo 2 , obesidade, triglicérides alto ...

Além disso, os produtos específicos para celíacos têm um certo número de aditivos que não é necessário nos produtos com glúten. Estas gomas vegetais tais como a goma xantana ou carboximetilcelulose (CMC) podem causar problemas digestivos no intestino fragilizado dos celíacos. No meu caso eles provocavam problemas, mas eu precisei parar de come-los para descobrir.

8. Porque pagar pela farinha de arroz e amido de milho o preço de uma iguaria rara me parece abuso. Pode ser um exagero, mas basicamente é isso que fazemos quando vamos comprar pão sem glúten ou biscoitos, etc. Temos de pagar por um produto muito barato um preço exagerado para termos a garantia de que o produto é realmente livre de glúten . Estou cansada de pagar esse preço para um alimento que do ponto de vista nutricional, pode ser considerado basicamente energia vazia.

9. Porque há numerosos estudos científicos sérios, cujos resultados sugerem que este tipo de dieta traz benefícios claros para a saúde. Alguns desses estudos foram feitos a partir de uma perspectiva evolucionária, mas na aplicação desta dieta para humano moderno têm sido ​​observados resultados favoráveis.

10. Porque, por que não tentar? Nós celíacos já fomos forçados a desistir de pães, biscoitos e doces "normais". Essa renúncia foi difícil para todos nós, mas já que fizemos, o que perderemos em ir um pouco mais e tentar por um mês? Para nós, não custará muito e se trata da melhora de nossa saúde.

Em suma, o que proponho a partir deste ponto para quem procura por uma melhora na sua saúde e, especificamente os celíacos, que realizem o salto conceitual envolvido que é passar por cima do paradigma dominante que diz que os cereais são a base da nossa alimentação. Se trata de uma volta às origens, com uma proposta que envolve comer novamente como os seres humanos ancestrais que ainda não tinham começado a processar os alimentos (lembre-se de que o pão é cereal altamente processado​​).

MINHA PROPOSTA


A proposta é simples. Eliminar por um mês todos os alimentos suspeitos de produzir algum problema e, em seguida, introduzir individualmente alguns deles e ver se você vai se sentir bem ou não.

Os suspeitos são, basicamente: leite, cereais, leguminosas, vegetais amiláceos, açúcar e todos os alimentos processados. Por que esses alimentos? Porque do ponto de vista evolutivo estes são os alimentos que estão há menos tempo com a gente e nós não nos adaptamos a eles de um modo completo e, portanto, podem causar mais problemas de saúde. Isso é assim de um modo geral, mas há diferenças individuais ou em alguns grupos populacionais.

Se você é uma pessoa tão cética como eu, esses argumentos não serão suficientes para convencê-lo, mas é um começo. Eu precisei de mais de 13 anos para me permitir ir além da dieta sem glúten, embora logo após o meu diagnóstico tivesse tido contato com celíacos que preferiram dispensar os outros cereais, alegando terem melhorado sua saúde. 

Fonte:
http://corrersingluten.blogspot.com.br/2013/03/10-motivos-por-los-que-los-celiacos.html

2 comentários:

  1. Olá, você tem algum cardapio para semana ou mês que você usa para seguir a dieta?
    se tiver pode me enviar em anaa.capella@yahoo.com.br

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  2. Ana - busque ajuda de um nutricionista para construir esse cardápio - celíacos tem algumas deficiencias nutricionais que precisam ser sanadas e uma dieta individualizada pode trazer resultados mais rápidos.

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